quarta-feira, 25 de julho de 2012

Born Under Punches

Um troço que me deixa meio putado, e é motivo dos principais pra este blog aqui, é o quanto o videogame antigo está AVEADADO PRA CARALHO aqui, na Internet (A Rede Mundial de Computadores, como tão bem complementava o Jornal Nacional até tempos atrás).

Retrô está na moda, sabemos. Abre aí o 9gag, veja um monte de gente pagando nostalgia do que não teve. Por quê? Por que fica legal pra caralho, dá um ar cool, descolado, NOSSA NAQUELE TEMPO QUE ERA BOM HEIN, e nos videogames passa longe de ser diferente.

O resultado é um monte de blogs e reportagens manja-rolas, em que os defeitos dos jogos antigos (e não eram poucos) são totalmente ignorados. Tudo é clássico, tudo  marcou época!!!, e qualquer jogo underdog (que provavelmente não fez sucesso na época por ser uma merda) vira "injustiçado".

Ma porra, bicho, não é bem assim.

Se amanhã, por exemplo, esse blog escrever uma resenha sobre Vigilante do Master, a primeira coisa que eu vou dizer é: eu SEMPRE achei a jogabilidade desse jogo uma merda, porra, o tempo de resposta do joystick e o sistema de colisão te impedem de não ser CONSTANTEMENTE esganado pelos teus oponentes, fica chato pra caralho. 

Claro que tem grandes, gigantes chances disso ser culpa minha, que sou um péssimo jogador desde sempre, mas mentira não é: Vigilante tem uma jogabilidade de bosta, o sistema de colisão é risível, convivamos com isso.

Já um blog COXINHA (que provavelmente tem PLAYERS ou GAMERS no nome, outro ódio fudido que qualquer dia explico aqui) qualquer viria nos contando uma bela história, de que é um jogo da Irem, originalmente lançado para os Arcades (claro, Arcade, quem não falava assim em 1987?) e que foi convertido para várias plataformas, tais como PC Engine, algum computador europeu de merda e, em 1989, para o 8 bits da SEGA.

Ao passo seguinte, nos informaria da missão de resgatar sua namorada de uma gangue qualquer (não sem antes informar que a versão foi censurada!!! sim, no original são skinheads!!! Ai esses americanos, censuram mesmo né???), teceria  breves comentários elogiosos ao som, aos gráficos, louvaria a dificuldade AH NAQUELE TEMPO SIM ERA BOM, MUITO DESAFIO, SEM A MOLEZA DE HOJE!!!!!!, tascaria umas fotos das fases e PLU, um 8.5 bonitão ali no final.

É legal contar a história, os detalhes, eu mesmo sou fã disso, mas porra, e o fato de o jogo ser uma merda? De que não dá pra enfrentar 3 esganadores ao mesmo tempo que um FATALMENTE te güenta? Não é desculpa de quem conheceu o jogo só hoje não, eu jogava Vigilante quase vinte anos atrás (grande merda) e já achava um saco isso, hoje não mudou.

Ilustrando: Vídeo de um cara que joga tão mal quanto eu.

MAS TEM DE ENTENDER AS LIMITAÇÕES DO APARELHO -- Concordo. E tem de entender também que dava pra fazer melhor, vide, sei lá, o Black Belt ou o My Hero, que são BEM mais simples, mas pelo menos funcionam direitinho. Ou, se não dá pra fazer, não faz, porra, olha a desgraça que é o Street Fighter do Master, ou boa parte dos últimos jogos do console, que a turma se concentrou em tentar fazer o impossível e esqueceu de fazer o joguinho funcionar direito.

Eu curto muito jogos antigos, amo meu Master, mas porra, não dá pra mentir pra quem tá lendo por conta de boas recordações. Se eu for escrever HOJE sobre Super Monaco GP do Master, meu Eu de 8 anos comete seppuku lá atrás, de tanto eu falar mal do jogo. Idem pra Strider II.

Só que não adianta forçar a barra. Existe jogo bom e jogo ruim. Jogo que envelheceu bem (Super Mario Bros., Alex Kidd in Miracle World, Pitfall!) e jogo que envelheceu mal (Super Monaco GP de Master, Alteread Beast e, escrevo com o coração sangrando, Cruis'n USA).

Escrever aquele reviewzão entusiasmado masturbando o jogo velho unicamente por ser velho, ignorando os defeitos, é estelionato consigo e com o próximo. É querer fazer pose de entendido com o próximo, de RETROGAMER APAIXONADO !!!, enfim, é focar naquela Olimpíada de quem é mais cool de sempre e esquecer de ter caráter.

Namastê.

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